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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Prova de História - orientações para elaboração (E. Fundamental)

                *A melhor visualização no celular é na horizontal.


     Talvez você goste mais da versão para WEB (a opção está em baixo, no final de cada postagem). É mais completa (barra de opções de publicações).

      Um professor em início de carreira pode sofrer para elaborar uma avaliação individual formal (prova) para as suas turmas. Aqui no Brasil a "prova" costuma ser, ainda, o principal instrumento de aferição da aprendizagem, infelizmente. 
      Se você enfrenta essa dificuldade, não fique triste, não significa incompetência, mas apenas falta de prática. 
      Vou tentar passar um pouco de minha experiência para facilitar a sua vida e a de quem precisar. 
      Acompanhe as orientações e veja um exemplo de avaliação ao final da postagem.  

Primeiro passo: escolha do conteúdo.

      Vamos pensar em uma prova para turmas de 8º ANO, do ensino fundamental.

      Lembre-se de que os estudantes nesta fase não têm, geralmente, condições de enfrentar questões de história com nível elevado de elaboração, tampouco subjetividade e abstração.

      Isso exige cuidados. Por isso, nada de aproveitar questões de ENEM, de outros vestibulares ou provas de concursos. 

      Os estudantes nesta etapa precisam reconhecer nas questões de prova os exercícios feitos por eles durante as aulas. Portanto, é fundamental que os exercícios sejam aproveitados como base para a elaboração da prova.

      O primeiro passo é delimitar o conteúdo a ser cobrado na prova. Avisar com antecedência (pelo menos duas semanas) para os estudantes. O aviso deve ser claro quanto ao conteúdo e o valor da avaliação (prova).

      Não corra o risco de incluir conteúdo que talvez não haja tempo suficiente para trabalhar em aula. Uma questão sobre assunto não trabalhado causa insegurança ao estudante e perda de confiança dele no professor.
      Arbitremos o conteúdo. A prova que usarei como exemplo tem valor de 10,0 (dez pontos)
1 - Processos de independência da América Latina.
2 - A Crise no Sistema Colonial do Brasil e Governo Joanino no Brasil
(a) Período Pombalino.
(b) Movimentos de Libertação Colonial no Brasil.
(c) A Família Real Portuguesa no Brasil.
3 - O Processo de Independência do Brasil.
4 - Brasil: primeiro reinado.
      A listagem de conteúdo deve ser tão detalhada quanto possível. Não podemos esquecer de apontar minúcias: páginas do livro texto usado, os exercícios que devem ser revistos e qualquer outro material de apoio físico ou virtual (blog, site, canal do Youtube, etc.).



Obs - Não precisamos incluir todo o conteúdo trabalhado no período avaliativo. A listagem de conteúdo será uma seleção ou a parte não cobrada em trabalhos ou testes que fazem parte do processo avaliativo. Lembre-se de que uma avaliação não deve ser um castigo, mas uma parte do processo de aprendizagem e amadurecimento do estudante.

Segundo passo: elaboração das questões.

      - Jamais elabore avaliações muito curtas. O resultado costuma ser desastroso. A maioria terminará muito rápido, o que causará problemas à instituição escolar devido ao grande número de estudantes ociosos, por tempo excessivo, no caso de ser permitida a saída individual após o término da avaliação. Se a instituição escolar exige a permanência dos estudantes em sala, após terminarem a avaliação, o professor enfrentará grande dificuldade para manter a disciplina.
      - Evite avaliações muito longas. Se o tempo disponível se encerra e muitos ainda não terminaram, você terá problemas. Isso significa erro de elaboração da avaliação. Você avançará com a prova para além do seu horário de aula com aquela turma? Vai dar por encerrada a avaliação e dar zero às questões não respondidas? Vai encerrar a prova e alterar a pontuação das questões daqueles que não completaram? Todas essas possibilidades trarão aborrecimentos (reclamações e protestos dos que concluíram e dos que não concluíram no tempo determinado).

       - Se você optar por usar textos introdutórios, cuide para que sejam curtos, bem escritos e com vocabulário acessível ao estudante que cursa o 8º ANO. Se houver palavras que possam gerar dúvidas, melhor fornecer o significado. - Lembre-se de que o vocabulário desses estudantes ainda está em formação.

      - Se empregar imagens (fotografias ou gráficos) certifique-se de que ficará com boa resolução na prova, de forma que não gere dúvidas (para as gravuras da avaliação a ser impressa use a escala de cinza, a gravura colorida dificilmente aparece nítida nas cópias).

      - É desaconselhável aplicar avaliação com todas as questões objetivas (mesmo que sejam de tipos variados). Da mesma forma não devemos aplicar avaliações totalmente discursivas. Algumas pessoas que têm melhor desempenho nas questões objetivas, outras saem-se melhor nas discursivas. 

      Mais prudente equilibrar o número e a pontuação para que o estudante se habitue e seja capaz, nos anos seguintes, a responder cada vez com maior segurança.
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Terceiro passo: cuidados com as questões.

      - O que o aluno deve responder precisa estar bem delimitado no texto da questão. 

      - O texto da questão deve ser muito bem cuidado na elaboração e na revisão.

      - Nesta fase escolar o jovem está recebendo as primeiras informações históricas mais elaboradas. As questões que exijam conhecimento factual são desejáveis para animar a construção do conhecimento histórico em processo.

      - Se a questão é objetiva, as alternativas devem ser de fácil compreensão, tanto a correta quanto as erradas. Não deve haver armadilhas na linguagem, pois elas não testam conhecimento.

      - Se a questão é discursiva, da mesma forma o texto deve estar sempre muito bem elaborado e cuidado. Não pode haver dupla interpretação. Além disso, a resposta esperada deve ser curta. Um texto longo de resposta pode fazer com que o estudante se perca em assuntos correlatos e não consiga ser objetivo. 

      - As respostas das discursivas podem ser objetivas (uma palavra, uma expressão, uma frase curta) ou argumentativas (o ideal é planejar para que não passe de três linhas).

      - Não podemos esperar respostas com alto nível de elaboração analítica de estudantes desta etapa escolar.


Obs - Sempre haverá aquele estudante prolixo ou ansioso que pensa que deve encher as respostas com todas as informações que puder lembrar. Ele deve ser orientado a buscar a objetividade (é um processo de construção de habilidades). 

Quarto passo: pontuação e distribuição das questões.

      - Algumas instituições escolares estabelecem a proporção de questões por nível de dificuldade. Se a instituição onde você trabalha deixa a critério do professor, melhor fazer o padrão - 20% difíceis; 30% médias; 50% fáceis. Mas esse padrão pode variar um pouco, de acordo com as conveniências e objetivos.

      - Geralmente as questões objetivas recebem pontuação menor do que as discursivas. Mas precisamos ter cuidado. As questões objetivas podem ser mais difíceis do que algumas discursivas.

      - Para este nível escolar recomendo que as objetivas tenham nível semelhante de dificuldade (preferencialmente fáceis) e que a variação maior fique para as questões discursivas.

      - As discursivas cujas respostas são curtas devem ter valorização menor. 

      - Nem sempre as questões com respostas mais longas são as mais difíceis. Geralmente as mais difíceis são as que exigem alguma capacidade de análise ou correlações. Portanto devemos criar uma gradação de pontuação.

      - É recomendável que as questões sejam agrupadas por tipo: uma sequência com questões discursivas e outra sequência com objetivas

      - Não importa que as primeiras sejam as discursivas ou as objetivas. Não há diferenças de desempenho dos estudantes com a inversão.

      - Aumenta a segurança e a confiança do estudante se a pontuação das questões estiver discriminada na própria avaliação, de forma clara e visível.
 

Obs - A avaliação deve ser acessível ao estudante mediano, fácil para o que costuma ter bom desempenho e possível para o que costuma enfrentar as dificuldades com esforço. 

Quinto passo: apresentação:

      - As suas turmas merecem receber a avaliação com boa apresentação. Isso também faz parte de nossa tarefa educativa. Um dia esses jovens de hoje precisarão elaborar trabalhos, que se espera que tenham boa apresentação. Nós somos exemplos também nesse caso. 

      - O cuidado com a diagramação, com o tamanho da fonte e com o posicionamento das gravuras é de grande importância.

      - A boa diagramação causa boa impressão geral e aumenta a disposição do estudante em enfrentar o desafio.

      - A fonte escolhida não pode ser muito miúda, que dificulte ou canse, nem muito grande que disperse o texto da questão por um espaço grande demais. Sugestão: Arial 11 ou 12 (ou outras equivalentes). Cuidado: no blog o texto todo fica em Times New Roman.

      - Posicione os textos e gravuras de forma a não deixar dúvidas que sejam parte de determinada questão.

      - Se o texto ou a gravura estiver relacionado com mais do que uma questão, isso deve estar avisado de forma clara na avaliação.

      - Os textos e as gravuras podem ser parte integrante da questão, o que exige interpretação, mas podem ter objetivo apenas de contextualizar a questão ou ilustrá-la.

      - Para estudantes com limitações na visão, que a correção com lentes não seja suficiente, a fonte deve ser aumentada.  Evite variação de fontes ao longo da avaliação, pois pode confundir alguns estudantes portadores dificuldades.
 

OBS - Se o resultado da prova, após a correção, mostrar 20% ou mais da turma com baixo desempenho, você errou. Ou na elaboração da prova, ou nas estratégias das aulas. (Nos casos de escolas com dificuldades internas e externas onde as relações são muito difíceis, o professor pode não ter culpa alguma no baixo desempenho).

       Vamos ver um exemplo de avaliação