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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A Família Real Portuguesa no Brasil (continuação)

          I - Relações entre Portugal e Grã Bretanha.

          A família real portuguesa foi transportada para o Brasil escoltada por navios militares britânicos, que protegiam Dom João de uma possível perseguição pelas tropas francesas de Napoleão.

OBS - Para assistir programa da Globo News a respeito da transferência da Corte portuguesa, acessar link:

      https://www.youtube.com/watch?v=OUXzSyaMIc&list=PLjxrcR7RuGwzz78ENa9NQVyzVq8gc345k

                                                                           

          A dependência econômica de Portugal, em relação à Inglaterra, aumentou nessa época.
          O Príncipe regente foi pressionado a liberar a entrada de navios estrangeiros em portos brasileiros, para fazer comércio. O "Decreto de Abertura dos Portos Brasileiros às Nações Amigas" (1808), na prática, foi o fim do pacto colonial (acabou o monopólio português sobre o comércio brasileiro).

                                                                                 
  Rio de Janeiro na época da chegada da Corte Portuguesa

          As facilidades comerciais para os britânicos foram muito ampliadas em 1810. Nesse ano foram assinados alguns tratados entre Portugal e Grã Bretanha. Destacamos o "Tratado de Comércio e Navegação", que dava aos produtos de origem britânica taxas alfandegárias mais baixas ao entrarem no Brasil (os produtos de outras nacionalidades pagavam taxas mais altas, encarecendo-os para o consumidor brasileiro). Os produtos britânicos ficavam mais baratos, por isso, eram muito consumidos pelos brasileiros.

                                                                           
Tratado de Comércio e Navegação (com a Inglaterra)
taxas alfandegárias e origens dos produtos
Britânicos
Portugueses
Outras nações amigas
15%
16%
24%



          Consequências:

          - D. João liberou a criação de indústrias, mas elas não puderam se desenvolver. Além das dificuldades técnicas, a tentativa de industrialização do Brasil sofreu a concorrência dos produtos ingleses, vendidos aqui por preços baixos. Isso inviabilizou a tentativa.
          - o custo de vida no Brasil diminuiu e a economia foi dinamizada (agricultura, comércio, serviços, etc.).
          - os comerciantes portugueses sofreram com a rápida diminuição de suas vendas no Brasil.
          - para os ingleses, o mercado consumidor brasileiro compensava, em parte, as perdas causadas pelo Bloqueio Continental napoleônico, na Europa.

          II - Missão Artística Francesa no Brasil








                                                                          

          A influência cultural europeia sobre o Brasil cresceu com a transferência da corte portuguesa em 1807/1808.
          A partir de 1815, após a queda de Napoleão, os laços com a França foram reatados.                            

                   
                                 
                                           Le Breton                                                             Debret

                                           
                                    Nicolas Taunay                                                    Gran Jean de Montigny

          Em 1816 desembarcou no Rio de Janeiro um grupo de franceses, sob a liderança de Joachin Lebreton. Ficou conhecido como "Missão Artística Francesa". Esse grupo era formado por artistas como Jean Baptiste Debret, Nicolas-Antoine Taunay, Gran Jean de Montigny, entre outros.
          O objetivo era a criação de uma escola de belas artes, mas essa demorou muito a ser realizada.

 
                     Academia Real de Belas Artes e Casa França Brasil (projetos do arquiteto Gran Jean de Montigny)

          Esses franceses foram importantes para o Brasil pois introduziram o estilo neoclássico nas artes plásticas e arquitetura. Além disso, paisagens, costumes e personagens da época foram retratados por eles.


Vista do Morro de Santo Antônio - Taunay


          III - Revolução Liberal do Porto


          A crise econômica e financeira de Portugal foi agravada devido à transferência da corte de Lisboa para o Rio de Janeiro, além de todas as medidas tomadas por D. João.
          A liderança da burguesia portuguesa criou uma revolta política em 1820, na cidade do Porto. O movimento desenvolveu-se para um processo revolucionário liberal. Espalhou-se para outras regiões de Portugal, inclusive Lisboa.
          Os revolucionários exigiam o retorno da corte para Lisboa. Acabou o absolutismo português, embora D.João VI fosse mantido como rei (poder limitado).
          Foi criada uma Constituição.
          Os revolucionários criaram um parlamento chamado de "Cortes de Lisboa".

                                                                     
Reunião das Cortes de Lisboa

          Inicialmente a reação dos brasileiros foi favorável à Revolução do Porto. Quando chegaram aqui as notícias completas, souberam que desejavam o fim do reino Unido (o Brasil voltaria ao status de colônia) e o retorno do monopólio comercial português sobre o Brasil. Isso a elite brasileira não aceitava.



quarta-feira, 23 de setembro de 2015

A Família Real Portuguesa no Brasil

Período Joanino (Dom João ficou em má situação, resolveu fugir)

             A fase da história de Portugal sob a liderança do filho da rainha Dona Maria I, chamado Dom João, é conhecido como "Período Joanino" (1792 - 1826).

             O Príncipe D. João era o segundo filho da rainha D. Maria I. O seu irmão, José, morreu antes de assumir o trono. Por isso, devido ao agravamento da saúde da rainha-mãe, D. João passou a substituí-la no governo de Portugal. Nessa época usava o título de Príncipe Regente.


             Devido à decadência sofrida por Portugal nas fases anteriores, D. João enfrentou muitas pressões de reinos mais poderosos. O caso de maior destaque foi o "Bloqueio Continental" imposto pela França, na época do Império Napoleônico.

             Na época do bloqueio criado por Napoleão Portugal vivia em forte dependência comercial em relação à Grã Bretanha. D. João não encontrou uma forma de atender a exigência dos franceses. Entendeu que a solução seria ganhar tempo. Manter os dois poderosos vizinhos em relações cordiais, até que a guerra entre França e Grã Bretanha terminasse. Mas, como não atendeu as exigências principais que esses reinos faziam a Portugal, ficou entre os dois. Por muito pouco deixou de sofrer ataques simultâneos de ambos.

             No último momento D. João declarou estar ao lado dos ingleses e pediu apoio militar para salvar-se da invasão francesa que já começava a acontecer (dezembro de 1807).


             Escoltado por navios militares da esquadra britânica, o Príncipe regente português rumou para o Brasil. Com ele veio toda a família real portuguesa, as principais autoridades do governo, além de muita gente que não queria cair nas mãos das tropas francesas comandadas pelo general Junot. A soma dessa comitiva passava de 15 mil pessoas.



             A ideia era transferir a capital (a corte portuguesa) para a cidade do Rio de Janeiro.

             D. João foi recebido no Brasil, primeiro em Salvador, depois no Rio de Janeiro, com muitas homenagens e grandes festas.

             Na curta permanência na Bahia assinou a sua primeira medida de grande importância para o Brasil: Decreto de Abertura dos Portos Brasileiros para às Nações Amigas. Era o fim do monopólio dos comerciantes portugueses sobre o comércio de importação brasileiro. Mostrou que cedeu às primeiras pressões comerciais inglesas. Na prática, com esse decreto, acabou o pacto colonial (estrutura de dominação e exploração das riquezas da colônia pela metrópole).




             Na época do governo joanino no Brasil aconteceram muitos avanços importantes para o país em geral, mas para a cidade do Rio de Janeiro em especial.


Principais medidas e criações.

Econômicas:

- abertura dos portos (livre comércio internacional).
- alvará de liberdade industrial.
- Banco do Brasil.
- Casa da Moeda.
- fundições.
- fábrica de pólvora.
- início da produção de café para exportação.
- tratado de comércio e navegação, com a Inglaterra, assinado em 1810 (ver próxima postagem).

Militares:




- invasão da Guiana Francesa (devolvida à França após a derrota de Napoleão na Europa) e da Banda Oriental do Uruguai (anexada ao Brasil com o nome de Província Cisplatina) - reveja postagem "sugestão de férias".
- escolas militares.

Educação e cultura:



- Teatro São João (Rio de Janeiro).
















- Jardim Botânico (Rio de Janeiro).
- escolas médicas (Salvador e Rio de Janeiro).


- Missão Artística Francesa (Rio de Janeiro) - aguarde postagem sobre esse tema.


Melhorias urbanas no Rio de Janeiro:

- expansão urbana com novos bairros (alguns eram de luxo).
- abertura da novas ruas e caminhos.
- drenagem de pântanos.
- pavimentação de ruas.
- ampliação da iluminação pública (lâmpadas a óleo de baleia).




Políticas:

- criação do "Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves" (1815).


- coroação do rei Dom João VI (1816), no Rio de Janeiro.



- Revolução Pernambucana de 1817 (tentativa de independência de uma parte do Nordeste brasileiro).
- Revolução Liberal do Porto (1820) - fim do absolutismo português (D. João foi forçado a voltar para Lisboa, com poder reduzido).





Antes de sair do Brasil (1821), o rei D. João nomeou o seu filho mais velho, Pedro, como Príncipe Regente do Brasil. Retornou a Portugal, mas nunca mais conseguiu ter de volta seu poder de rei absolutista. O centro do poder português passou a ser uma assembleia revolucionário e liberal conhecida como "Cortes de Lisboa" (parlamento).





Nas próximas postagens complementaremos as informações a respeito dessa época.


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A Independência da América Espanhola


Antecedentes


             As independências das colônias da América Espanhola estão relacionadas às transformações que ocorreram durante o século XVIII, na Europa,  que levaram o absolutismo à ruína.

             A Revolução Industrial, a independência das Treze Colônias da América do Norte e a Revolução Francesa causaram grande impacto na América Espanhola.


             Entre o final do século XV e o início do século XVI a Espanha construiu, na América, um imenso império colonial riquíssimo em metais preciosos. Esses domínios na América foram o principal sustento da coroa espanhola até o final do século XVIII.

             O "Pacto Colonial"  era a estrutura de dominação da metrópole sobre a colônia. Era a forma usada para a exploração econômica e transferência das riquezas produzidas na colônia para a metrópole. Uma das bases dessa estrutura era o monopólio comercial. Em meados do século XVIII a produção de riquezas nas colônias estava em grande decadência.

             A Espanha acumulou dívidas com a Inglaterra pois importava produtos manufaturados, já que a indústria espanhola não se desenvolveu nessa época.

             Pouco antes da emancipação das colônias espanholas, a sociedade colonial se apresentava rigidamente hierarquizado, onde o nascimento, a tradição e a riqueza definiam a posição social do individuo.

             Para contornar as dificuldades causadas pela queda na produção das colônias, o governo espanhol aumentou os impostos e criou regras para restringir mais ainda o comercio colonial. Além das restrições econômicas, os criollos continuavam proibidos de participar das decisões políticas, já que o controle colonial estava nas mãos dos capetones.





             Naturalmente ocorreram revoltas populares. Como exemplos podemos citar o movimento liderado pelos padres Miguel Hidalgo e José Morellos, no México; a Rebelião oorganizada por Tupac Amarú, no Vice Reino do Peru, entre outras. No entanto elas foram combatidas e derrotadas, não apenas pelas autoridades espanholas mas também pelas elites criollas.

             Sob influências das mudanças ocorridas na Europa, ocorreram as transformações políticas nas colônias espanholas ao se transformarem em Estados Soberanos. Entretanto, da mesma forma que o Brasil nessa época, mantiveram o modelo econômico agroexportador.

Libertadores da América


Os maiores destaques ficaram com o venezuelano Simon Bolívar e com o argentino José de San Martin. Eles foram protagonistas em vários processos militares que conquistaram independências políticas:

- San Martin - Argentina, Chile e Peru.
- Simon Bolívar - Venezuela, Colômbia, Equador e Bolívia.


San Martin

O sonho da unidade na América Espanhola.

             Simon Bolívar foi o grande representante do projeto unitarista, defendendo a união das ex-colônias espanholas em uma única e grandiosa nação independente. Bolívar advogou esta proposta no Congresso do Panamá, encontro que buscava definir os caminhos a serem tomados pelos novos países latino-americanos. No entanto, frente aos interesses das lideranças locais e ao desejo da Inglaterra e dos Estados Unidos em impedir a formação de uma potência rival na região, seu programa unitarista foi derrotado. Deste modo, a fragmentação do território foi consolidada e a formação de vários países estabelecida.
                                                                                                                                                 Simon Bolívar

Características gerais do processo de independência das colônias espanholas na América:
- a grande participação popular, porém sob liderança dos criollos;
- o caráter militar, envolvendo anos de conflito com a Espanha;
- a fragmentação territorial, produziu vários países independentes (Estados soberanos);
- adoção do regime republicano - exceção feita ao México.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Movimentos de independência na América Ibérica



Movimentos de independência na América Ibérica


             Durante o século XVIII ocorreram diversas rebeliões coloniais, em várias regiões do continente americano. Originalmente esses movimentos políticos tinham como objetivo pressionar as autoridades da metrópole (país dominador) para mudar as práticas usadas no “pacto colonial”(estrutura de dominação usada pela metrópole na dominação e exploração das riquezas produzidas na colônia).
             A partir da segunda metade do século XVIII a elite colonial passou a adaptar as ideias políticas e econômicas dos filósofos iluministas à realidade colonial americana. Surgiram movimentos políticos que objetivavam a emancipação política (independência).
   


OBS – América Ibérica: é a parte do continente americano que foi colonizada pelos países da península Ibérica (região da Europa formada por Espanha e Portugal).


Vamos usar exemplos de movimentos pela independência que aconteceram na parte da Península Ibérica dominada por Portugal, ou seja, no Brasil.

I – Brasil (segunda metade do século XVIII).
  
    1)   Inconfidência Mineira (1789)
- Representantes da elite, sobretudo da cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto), tentaram conquistar a independência de Minas Gerais.


 
Câmara Municipal de Vila Rica (século XVIII)




Câmara Municipal - museu na atualidade.


- Influências externas – iluminismo e Revolução Americana.

- Líderes – Cláudio Manoel da Costa, Thomás Antônio Gonzaga, Padre Rolim, Alvarenga Peixoto, José Álvares Maciel, Tenente Coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, Álferes Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), entre outros.



Vista atual e parcial de Ouro Preto (Vila Rica)


- Objetivos – independência, república, criação de uma universidade, desenvolver a industrialização, etc.

Desenho - Vila Rica (século XVIII)


- Ocorreu uma denúncia, vários líderes foram presos, apenas Tiradentes foi executado na forca após julgamento condenação como líder do movimento.

Alferes Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes).


Tiradentes - julgamento



Tiradentes foi enforcado com cabelos cumpridos?




Reunião de planejamento dos inconfidentes.



Bandeira idealizada pelos inconfidentes.



                    Cláudio Manoel da Costa                                                                                                  Thomas Antônio Gonzaga.




2)  Conjuração Baiana (1798) – Também conhecida como “Revolta dos Alfaiates”.

- Ocorreu em Salvador, Bahia. A liderança do movimento foi predominantemente popular, com forte participação de negros.



Centro histórico de Salvador - época recente.



Salvador no final do século XVIII.



Influências externas – iluminismo, Revolução Americana e Revolução Francesa.




- LíderesCipriano Barata, o tenente Hernógenes Aguilar e Francisco Moniz  (ligados à elite baiana), Inácio da Silva Pimentel, Romão Pinheiro, José Félix, Inácio Pires, Manuel José e Luiz de França Pires,  Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nascimento (alfaiates), além de Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas.


                  Cipriano Barata

Reunião dos revolucionários baianos



- Objetivos – independência, república, fim da escravidão, diminuição dos impostos, etc.





Bandeira elaborada nos debates da conjura baiana. As cores da bandeira faziam alusão a Revolução Francesa e seu ideal de liberdade, igualdade e fraternidade. Ao centro, segundo tradução de Cândido da Costa e Silva, a inscrição “Apareça e não se esconda”.


- Ocorreram denúncias, vários líderes foram presos. Os líderes de elite foram libertados, alguns envolvidos mais pobres foram degredados para a África. Apenas quatro foram condenados à morte e enforcados: Manuel Faustino dos Santos Lira, João de Deus do Nascimento, Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas.




Enforcamento dos líderes da revolução de 1798.